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O que é Tatuagem Polinésia?

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Polinésia é um sub-região da Oceania, que formam um grande conjunto de mais de 1000 ilhas espalhadas pelo centro e sul do Oceano Pacífico, dentro de um triângulo que tem a Nova Zelândia, Havaí e Ilha de Páscoa como seus Polígonos.

A Profunda Conexão Entre as Tatuagens Polinésias e Sua Cultura

 

As ilhas da Polinésia são habitadas pelos polinésios, um povo com uma rica herança cultural que compartilha diversas semelhanças em alimentação, vestimentas, crenças e línguas. Embora as línguas polinésias apresentem diferenças que variam de pequenas variações a discrepâncias significativas, dependendo da distância entre as ilhas, algumas palavras são comuns a todos os dialetos. Essas palavras refletem a essência da cultura polinésia, que, em tempos antigos, compartilhava um único dialeto.

Dois exemplos emblemáticos dessas palavras universais são “Moana” (oceano) e “Mana” (força espiritual ou energia). Ambas carregam significados profundos e ilustram a interconexão entre os polinésios e o ambiente natural. O oceano, para eles, representa vida, prosperidade, abundância e proteção, sendo tão essencial quanto o ar que respiram.


As Tatuagens Polinésias e Sua Conexão com o Oceano

 

As tatuagens polinésias refletem essa relação simbólica com o oceano de maneira marcante. Seja no estilo tradicional, com padrões estilizados e geométricos, ou no estilo moderno, mais figurativo, os desenhos frequentemente incluem criaturas marinhas. Tubarões, arraias, golfinhos, baleias e tartarugas são comuns e possuem significados que remetem à sua natureza interior, passando essas características para o portador da tatuagem.

A harmonia entre os elementos é fundamental na criação de uma tatuagem polinésia. O tatuador deve entender profundamente a cultura para evitar erros ou interpretações equivocadas. Infelizmente, muitos significados culturais foram fragmentados ao longo do tempo, levando a traduções imprecisas ou até mesmo “fake news” sobre os símbolos.


A Importância do “Aumakua”

 

Um elemento central na cultura polinésia é o “Aumakua”, uma entidade sobrenatural que pode ser um ancestral divinizado ou espírito protetor, geralmente manifestado na forma de um animal. Esses espíritos orientam, protegem e, às vezes, castigam.

As famílias polinésias mantinham uma relação especial com o animal que representava seu Aumakua, frequentemente tubarões, tartarugas ou outras criaturas marinhas. Em algumas ilhas, tatuar o Aumakua era visto como um bom presságio e garantia de proteção; em outras, era considerado “Tapu” (sagrado e proibido).

O papel do Aumakua é semelhante ao dos animais totêmicos das culturas indígenas americanas. Eles trazem mensagens, guiam e protegem, mas, em troca, requerem respeito e preservação.


O Papel do Tohunga nas Tatuagens Tradicionais

 

Nas culturas polinésias, a tatuagem era um processo sagrado e ritualístico. Os Tohunga, mestres tatuadores, eram responsáveis por criar desenhos que narravam a história e a linhagem do portador. Esses mestres possuíam conhecimentos passados de geração em geração, envolvendo símbolos, significados e posições corporais específicas para cada tatuagem.

A criação de uma tatuagem tradicional exigia mais do que habilidade técnica. Os Tohunga eram vistos como canais espirituais, quase como médiuns, que recebiam inspiração divina para criar obras que fossem ao mesmo tempo estéticas e espirituais.


O Declínio e Renascimento da Tatuagem Polinésia

 

A colonização europeia trouxe grandes desafios para a cultura polinésia, incluindo a proibição de tatuagens, que eram vistas como práticas pagãs. O conhecimento sobre muitos símbolos e tradições foi perdido, especialmente devido à introdução de doenças, repressão religiosa e assimilação cultural.

Felizmente, a tatuagem polinésia começou a ser revitalizada na década de 1980. Pesquisadores e artistas se esforçaram para resgatar os significados originais e restaurar a importância cultural dessa arte.


Tatuagens Polinésias na Atualidade

 

Hoje, criar uma tatuagem no estilo polinésio exige respeito e compreensão da cultura. É essencial que o tatuador tenha profundo conhecimento sobre os significados dos símbolos e sua aplicação. Diferentemente do passado, onde as tatuagens detalhavam adversidades, conquistas ou rituais, hoje os projetos tendem a sintetizar histórias contemporâneas.

Escritas e frases não fazem parte da cultura polinésia original, uma vez que não havia um alfabeto antes da colonização. Incorporar textos em tatuagens polinésias é uma prática moderna e deve ser feita com cautela, sempre considerando o respeito às tradições.


A Responsabilidade do Tatuador

 

No Brasil, infelizmente, o número de tatuadores que compreendem profundamente a cultura polinésia é limitado. Isso aumenta a responsabilidade dos profissionais que dominam essa arte. Criar uma tatuagem polinésia vai além da estética; é necessário narrar uma história que faça sentido culturalmente e espiritualmente.

Os melhores tatuadores são aqueles que conseguem equilibrar conhecimento histórico e habilidade técnica, criando projetos significativos para seus clientes.


Conclusão

 

As tatuagens polinésias são muito mais do que simples desenhos na pele. Elas carregam histórias, significados e uma profunda conexão espiritual. Para aqueles que desejam uma tatuagem polinésia, é essencial escolher um tatuador que respeite e compreenda essa rica tradição cultural.

Se você considera fazer uma tatuagem polinésia, leve em conta a importância do respeito pelas tradições e busque sempre profissionais que valorizem o significado por trás de cada símbolo. Assim, você estará não apenas adornando sua pele, mas também honrando uma das culturas mais fascinantes do mundo.

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Tatuagem Samoana chamada de Pe`a.
Típica tatuagem Marquesan
Tatuagem Maori chamada de Moko
Tatuagem Polinésia Moderna, também chamada de Kirituhi, ou seja, uma Tatuagem com elementos culturais das Tribos da Polinésia, mas feita por um "NÃO" Polinésio (Nativo). Esse estilo é o mais buscado hoje por pessoas de todo o mundo, mas uma das mais difíceis de ser em feitas, pois engloba significados de várias Tribos. Essa dificuldade se dá pelo fato de o Tatuador ter que conhecer sobre diversas culturas, para que a Tatuagem tenha um contexto étnico significativo.

Abaixo deixo uma resumo que o Tatuador Antropólogo "Lars Krutak" escreveu e resume de forma magistral o que é cultura Polinésia.

Em toda a Polinésia, a tatuagem era uma prática cultural que transcendia o tempo e o espaço. O conhecimento da tatuagem era tradicional e, como foi transmitido ao longo de sucessivas gerações, tornou-se um método testado e consagrado pelo tempo para afetar mudanças físicas, psicológicas e espirituais nas pessoas que o suportaram. Os motivos da tatuagem viajaram entre linhagens e traçaram relações genealógicas de volta aos deuses. E porque cada novo desenho era uma duplicata ou compósito inspirado em uma fonte ancestral original, reunia em um só lugar a referência simultânea ao passado antigo ( po ), presente ( ao ) e futuro.

No entanto, quando o pente de tatuagem atingia a pele, a liberação de sangue era considerada um momento poderoso relacionado aos ciclos recorrentes de nascimento, maturação, realização e renascimento. E através desse ato de repetição, a tatuagem tornou manifestas várias ideias e sentimentos importantes em torno da vida e da morte dentro do tecido visual da cultura indígena polinésia.

A tatuagem também animava e influenciava o  mana  de outros, tanto humanos quanto sobrenaturais, que controlavam o destino e o mundo ao redor. E como sistema de ação cerimonial e ritual, a tatuagem polinésia era um componente de um sistema altamente complexo e essencial à reprodução social e religiosa das culturas locais. Isso porque a tatuagem transformou o corpo em um microcosmo do universo indígena, criando um espaço sagrado, pessoal e coletivo que forneceu um meio para conciliar os assuntos humanos e divinos por meio de desenhos dramáticos que iluminavam e constrangiam o próprio corpo.

Mas, com o tempo, a tatuagem perdeu gradualmente sua importância no repertório cultural da maioria do povo polinésio. A administração colonial e especialmente a missionação cristã pavimentaram forçosamente o caminho para o abandono de costumes antigos em muitas regiões, embora em algumas áreas a prática tenha sobrevivido (por exemplo, Samoa) ou tenha sido simplesmente levada à clandestinidade até que finalmente foi revivida nas últimas décadas.

Hoje, a prática da tatuagem polinésia continua. Mas oportunidades cada vez maiores de interação artística entre tatuadores tradicionais e não-polinésios têm contribuído para tensões crescentes relacionadas a questões de apropriação cultural. Muitos designs contemporâneos são símbolos genealógicos e formas de propriedade intelectual relacionadas a famílias específicas, e há uma forte sensação de que eles foram desvalorizados ao serem copiados por pessoas de fora que não têm conhecimento do que esses padrões pretendem transmitir.

No entanto, para os praticantes de tatuagem polinésios e seus destinatários indígenas, a forma de arte permanece fiel às suas origens. A tatuagem não apenas afirma filiação, genealogia e intenção religiosa, mas também presta homenagem aos ancestrais por meio de um movimento artístico de respeito mútuo.

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